sexta-feira, janeiro 09, 2009

Persistência

Tenho um aluno. Um senhor. Já está comigo desde 2006/2007 (se bem que o ano de 2007/2008 andei por outras loucuras e não dei aulas). Dizem sempre que cão velho não aprende linguas, ou lá como diz o ditado.
Na verdade, desde o primeiro ano que começei a dar aulas, os alunos mais pequenos e os mais graudos (de 16 para cima) vêm quase todos parar à minha sala. Não que me importe, claro que não. Mas vêm parar à minha sala porque para os mais pequenos é necessário um tipo de paciência, e os mais graudos, como são mais susceptiveis de desaparecer do mapa (porque entram para a faculdade, começam a trabalhar, porque mudam de tipo de vida etc etc) não são dignos de se perder tempo com eles.
Se calhar até têm razão.
Para quem não sabe, dou aulas numa filarmónica, logo, todos os que se inscrevem para instrumentos de sopro, têm logo como objectivo entrar na banda, mesmo os que só vão lá para simplesmente aprender.
Pois que já tive uma boa dose de alunos crescidos tive. Quantos é que realmente foram "produtivos"? (xiii! que palavra tão feia!!)
Deixem-me cá contar...
hm...
Um e... é só! e só deu frutos porque já tinha pertencido a uma banda quando era muito pequenino e portanto foi só recordar e ensinar um instrumento e menos de um ano depois, já estava inserido na banda.
Uma entrou para o secundário, outra para a faculdade, um entrou num dia e na semana a seguir foi trabalhar para o Porto, uns nem dão explicações e desaparecem simplesmente.
Bem... também não tenho tido assim tantos.
Agora tenho três. Um com 19, uma com 20 e poucos e o outro senhor na volta dos 40. Os dois primeiros já souberamm um pouco de música, por isso, já ajuda. O terceiro é o tal de quem começei a falar no início.
Tem uma dificuldade a nivel rítmico. É quase um autodidacta. Compra livros, investiga na net. Sabe posições alternativas que não lhe ensinei, tem dois instrumentos próprios, um soprano e um tenor, lá na escola toca o barítono. Muito interessado, muito paciente.
Sabe fazer as passagens, mas quando me meto a bater a pulsação fica tudo trocado, os tempos, claro, não os dedos.
No início foi muito difícil. Houve quem me dissesse para o mandar para casa.
Bati o pé.
Nop!!
Nã nã ni nã não!
Vou conseguir, vai conseguir.
E foi assim que este senhor se tornou numa espécie de batalha pessoal.
Não acredito em pessoas que não conseguem. Há umas que têm mais facilidade outras menos, mas toda a gente consegue!
Pu-lo recentemente a tocar algumas das peças do reportório da banda. Devagarinho.
Passaram-se as férias. E na terça feira!! Ui!! E não é que ele me faz uma folhinha inteira daquilo, de principio ao fim? Com as pulsações e tudo e tudo e tudo??
Muito supreendida eu!
Não pensem que o mérito é meu, porque não é, é única e exclusivamente daquele senhor e do seu trabalho em casa.
Insistir sempre no mesmo, chateia, mas às vezes é necessário. Só espero que continue assim, que entre para a banda e que deixe de boca aberta o mais incrédulo e o mais desanimador!

3 comentários:

moonlover disse...

Parabéns a ti por teres empenhado em mudar o que se diz, por teres acreditado nele e na tua capacidade de ajudar!
Uma parte do texto fez-me rir, a lingua portuguesa é mt traiçoeira, lol, depois digo-te qual ;^)

beijos enoooormes
moon

Azzrael disse...

LOL!!! reparei só agora. Quando li o texto com uns olhos de ler mais malandros!! Pois quem não está muito dentro do meio não sabe que "posições alternativas" tem a haver com posições dos dedos (ai ai ai!!!) no instrumento (tá a ficar cada vez melhor!!!). Ou seja em vez de se fazer da maneira tradicional, arranjam-se outras para que saia o mesmo som mas utilizando uma colocação diferente.
Após esta breve explicação, uma vez lançado o tema é impossivel não arranjar aqui mais umas coomparações!! ahahahah!!! :) ai ai!! que sacana pode ser a lingua portuguesa!! :)

beijinhos

- disse...

bem, só tenho a dizer que é um post inspirador...animador **